Clube de Ténis do Estoril – 80 Anos



Geza Adam Torok
Memorias do professor Geza Torok
(Testemunho de um Sócio)
Geza Adam Torok nasceu em 1920 em Budapest. Exilou-se no Estoril indo ter com o seu tio que era professor de natação na piscina do Tamariz. O Geza era já um exímio nadador, campeão na sua cidade Natal, daí acompanhar o seu tio foi bem aceite.
Quando surgiu o CTE percebeu que se podia auferir mais dinheiro, onde se iniciou como profissional de ténis.
Foi jogador de ténis em paralelo, conseguindo estar bem classificado na 2.a Divisão. Não avançou mais na qualidade de desportista no ténis, pois à época não era permitir ser profissional em simultâneo com praticante deste desporto. Optou para bem de ténis em Portugal em ser profissional, mas pelas razões óbvias de subsistência num país que não era seu de nascença, mas passou a ser do seu coração.
Casou, teve uma filha, mas este assunto não correu de feição pois com o divórcio sua ex-mulher americana e filha foram para o Canadá. Creio que perdeu o seu contacto.
Falava, lia, escrevia com fluência [para além do húngaro] Inglês, Francês e Alemão. Exímio jogador de Xadrez, tal José Manuel Roquette, João Valdez e Fernando Burnay.
Como lazer refugiava-se no escritório da receção lendo livros (adorava), no lugar da Bina (que controlava a pente fino toda a contabilidade do CTE) um lugar mais recuado onde ficava a Maria Rosa.



Jogava bridge, mas seria mais pela companhia e/ou relax dado não ser a sua especialidade.
Perto da queda do muro em Berlim foi entrevistado pela televisão húngara. Uma longa conversa, por baixo de onde se encontrava a televisão (à entrada do salão) e na antiga sala de bridge.
Fernando Burnay e sua mulher Evelyn Ahlers (meus pais) receberam o Geza na sua condição de exilado, pois ambos sabiam bem essa realidade pois o primeiro esteve três anos na Guerra Civil de Espanha [1936…1939] e a segunda a conduzir camiões de noite em Inglaterra durante a segunda guerra mundial. Geza viveu na Pensão Continental, mesmo ao lado da vivenda do casal, até 1975. Por decreto do Governo a todos os Portugueses das ex-colónias fossem colocados onde houvesse lugar. Foi uma época infernal, um desassossego, onde o Geza mudou-se para outra pensão gerida pelas duas gémeas Pinto Coelho, também jogadoras de bridge. Residiu aí ao até final dos seus dias.
Desde que teve que desertar, como tantos outros, da Hungria nunca mais quis deixar de ser apátrida, não deixando de ser medalhado pelo Presidente da República o Dr. Mário Soares pela menção honrosa ao ténis em a Portugal.
Nasceu húngaro, amava seu país
No coração era português.
Acarinhado por todos que tiveram o prazer de conviver com este Grande Homem
António Garcia Rugeroni Ahlers
P.S. – foi meu baby-sitter como dos meus dois irmãos, quando meus pais foram jogar um campeonato de bridge no Hotel Palácio