Clube de Ténis do Estoril – 80 Anos

1945 um ano Especial

Talvez tenha sido, o ano mais importante ano do século XX.A vitória aliada na I Guerra Mundial (1918) tinha tido como consequência, entre outras coisas, a queda de vários impérios (Russo, Alemão, Austríaco e Turco). As rivalidades e a ideia do ajuste de contas, porém, iriam manter-se. Vinte aos depois, a agressão da Alemanha sobre a Polónia (depois de já ter anexado a Áustria e os Sudetas em 1938 e invadido, no ano seguinte a Checoslováquia), reacendia a guerra na Europa que, anos depois se propagaria ao resto do mundo. Contudo, as forças aliadas (Grã Bretanha, Estados Unidos, União Soviética e as forças gaulistas) conseguiriam, em 1945, vencer as potências do Eixo encabeçadas pela Alemanha e a Itália. 1945, marcava assim o regresso à paz e abria a porta à reconstrução e renovação da Europa.Durante este conflito, Portugal mantivera-se neutro. Por essa razão, acabaria, por várias razões, por acolher milhares de refugiados, em trânsito, que queriam escapar ao terror nazi.Assim, entre 1940 e 1945, o Estoril, viveria uma dos períodos mais cosmopolitas e trepidantes da sua existência:


«(…) O número de estrangeiros aqui residentes, sobretudo no Estoril, aumenta dia a dia; muitos deles não vão para os hotéis, alugam casas e espalham-se pelo Estoril, Monte Estoril, sobretudo nas imediações do Golf, várias nacionalidades, diversas politicas, ociosidade, nervosismo encontram-se e chocam-se, no casino, no Tamariz, no Deck-bar, etc. Um estado de nervosismo natural gera todos os conflitos, hoje um inglês e um alemão lutam no Tamariz em fato de banho, amanhã dois belgas e dois holandeses de política diferente agridem-se por causa da política do seu país, uma simples ligação de telefonia é a causa de um conflito e duma agressão, as palmas a um filme de assuntos militares origina um protesto e justifica uma agressão.»
(carta do governador civil de Lisboa ao Ministro do Interior. 18-6-1940).


Pela proximidade a Lisboa e pela projeção internacional que tinha desde 1930, como estância de luxo, o Estoril atraiu altas personalidades: reis no exílio, diplomatas, banqueiros, artistas de cinema, intelectuais mas também gente comum e agentes secretos. Os hotéis da região bem como o Casino seriam palco da guerra de sombras que é a espionagem. A rendição da Alemanha, a 7 de maio de 1945, colocava um ponto final nesta efervescência. Aos poucos, os que ainda por cá se encontravam iam partindo para outros destinos.

Meses depois, a 24 de Agosto de 1945, um grupo de tenistas desejosos de ter os seus campos, fundava o Clube de Ténis do Estoril. Eram eles: João Álvaro Roquete, António Capucho, Antonio Lino, Armando Estrela, Bill Ireland, Fernando Burnay, José António Benito Garcia, Luís Alzina, M.Thomas, Manuel Garrido e Vitor Leiria. A sede seria cedida, pela Sociedade Estoril Plage. De alguma forma esta cedência era benéfica para ambos os lados. Por um lado a Estoril Plage não tinha de se preocupar em gerir um Clube de Ténis, localizado junto ao casino onde hoje está o pavilhão dos Congressos mas interessava-lhe ter campos de ténis para quem se hospedava no Estoril.

O logotipo do novo clube seria desenhado por um dos fundadores, o pintor catalão Luiz Alzina. Este decidira viver em Portugal depois da chegada de Francisco Franco ao poder.

Durante vários anos, o único treinador do clube seria Geza Torok. De origem húngara, teria vindo para Portugal na década de 1930 tendo começado a trabalhar na piscina do Hotel do Parque como professor de natação juntamente com um seu tio. Segundo algumas fontes, Torok teria fundado, em 1933, o Estoril Parque Ténis organizando, dois anos depois, o II Encontro Portugal /França.

Geza Torok, formaria várias gerações de tenistas e foi uma figura central no Clube de Ténis do Estoril.

24 de Agosto 1945

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