Clube de Ténis do Estoril – 80 Anos
Exílios Dourados
No final da II Guerra Mundial, os refugiados que ainda se encontravam em Portugal partiam para outros destinos. O eixo Estoril/Sintra/Cascais esvaziava-se de estrangeiros e regressava à pacatez anterior à guerra. No entanto, pouco tempo depois, por razões várias, algumas cabeças coroadas, agora sem trono, escolhiam esta zona para se instalarem num exílio dourado mesmo que com um travo amargo.
Logo em Fevereiro de 1946, chegava com a família D. Juan de Bórbon y Battenberg, mais conhecido por Conde de Barcelona. Filho e herdeiro de Afonso XIII de Espanha – que se exilara imediatamente após a vitória eleitoral republicana de 1931 – representava a casa real espanhola. Depois de alguns anos na Suíça e de uma breve passagem pela Casa da Rocha, em S. João do Estoril, escolheria o Estoril e a Vila La Giralda, para sua morada definitiva.
Ainda nesse ano, outro rei sem trono, instalar-se-ia, em Cascais. Referimo-nos a Umberto II de Itália que, após o final da guerra, seria deposto por um referendo que daria a vitória à opção republicana. Umberto II viveria, quase até ao final da vida, na sua bela Vila Itália, hoje descaracterizada por um hotel, junto à Boca do Inferno.
Também os condes de Paris, pretendentes ao trono francês, depois de várias passagens, durante a guerra pelos Estoris, acabariam por se instalar, entre 1946 e 1951, na Quinta do Anjo ou Anjinho em Ranholas (Sintra).
Em 1947 – depois uma breve passagem por Lisboa – em 1941 e de seis anos de exílio na América Latina, instalava-se também no Monte Estoril o ex-monarca da Roménia, Carol II com a sua segunda mulher Elena Lupescu. Nesta casa Da Rua do Alentejo – hoje um condomínio – o casal viveria até ao final da vida. Carol morreria em Abril de 1953 e sua mulher no final da década de 1970. Ambos teriam sepultura no Panteão dos Bragança, em S. Vicente de Fora até serem trasladados posteriormente para a Roménia.
Já na década de 1960, também chegava ao Estoril Joana de Saboia, rainha da Bulgária. Após a proclamação da República Popular Búlgara, Joana e o seu filho Simeão partiriam para o Egipto. Posteriormente seguiriam para Espanha, onde o filho seria educado e, mais tarde para o Estoril onde viveu até à sua morte em 2000. Graças à presença de tanta realeza, por estas paragens, o Estoril continuaria a exercer o seu fascínio. É que apesar das suas ascendências reais, todas estas personalidades, levariam uma vida pacata, cruzando-se diariamente com o comum dos mortais, na missa, nas esplanadas, no casino, no golfe ou no Ténis.