Clube de Ténis do Estoril – 80 Anos

Filipe Soares Franco

ADN de Sócio do CTE

O pai gostaria que ele e o irmão tivessem enveredado pelo golfe desde cedo. Mas nem sempre os filhos seguem os desejos dos pais.

Aos 7 anos, Filipe Soares Franco começa a aprender golfe, mas quando percebe que para jogar teria de ter “handicap” e, que este só lhe seria concedido aos 12 anos, desiste. É então que ele e o irmão Miguel se viram para o ténis.

De alguma forma, talvez fosse a hereditariedade a puxá-los para aquele desporto. O bisavô, Guilherme Pinto Basto, e os seus irmãos – que tinham estudado em Inglaterra nos finais do século XIX – seriam os introdutores do Lawn Ténis e do futebol, no Clube da Parada, em Cascais e de alguma forma em Portugal.

Inicialmente, estes dois desportos, eram praticados entre as classes mais elevadas e mesmo pela casa real.

Aos poucos, porém, começariam a ser praticados por outras camadas sociais. Se, durante décadas, o ténis ficou restrito às elites, o futebol, a partir do início do século XX tornar-se-ia num desporto cada vez mais popular cujo gosto é ainda transversal a toda a sociedade.

 Aos 9 /10 anos, Filipe Soares Franco e o irmão, já são sócios do Clube de Ténis do Estoril e começam a ter aulas com Geza Torok.

O clube torna-se, então, se não a primeira pelo menos a sua segunda casa. Aqui passará a maior parte do seu tempo. Aos dez anos ingressa no Colégio Militar onde fica até terminar o antigo 5º ano. Os anos seguintes já serão feitos no recém inaugurado Liceu de S. João.

Como já tem uma “acelera”, sempre que há um “furo” entre as aulas ou falta um professor, Filipe Soares Franco vai para o Clube. O convívio com os outros sócios, mesmo de gerações mais velhas agrada-lhe. Assim, vai estabelecer laços diários com alguns sócios como o Dr. Estrela, que viria a ser presidente do Clube, o casal Fernando Burnay e o casal Jose Manuel Roquete que aqui vinham todos os dias para tomar café e jogar bridge.

O facto do antigo clube ser mais pequeno tornava-o mais familiar fomentando o convívio entre gerações. Aliás, era habitual os mais velhos jogarem com os mais novos e assistirem aos seus jogos. A mudança, no início da década de 1990, para o lugar onde hoje se encontra, alteraria substancialmente esse caracter familiar. Ao falar do clube antigo, Soares Franco refere com alguma nostalgia «Era mais humanizado, toda a gente se conhecia, perdeu-se esse caracter familiar».

Filipe Soares Franco jogaria até aos 56 anos tendo sido várias vezes campeão por equipas pelo Estoril.

Dos torneios interclubes relembra os encontros no Luso e na Figueira da Foz e as passagens pelo Porto onde eram recebidos, com um grandioso lanche, na quinta de Sobral Mendes, um homem afável, capitão tradicional do ténis do Porto. Para miúdos de 14/ 15 anos estas viagens «eram um programão».

Em 1973 e 1974 integraria a equipa que organizou o I e o II Torneio Internacional de Juniores. O grande patrocinador do evento seria o dono da Companhia de Seguros Império, José Manuel de Mello, cujo filho também era jogador. Estes torneios contariam com a participação de equipas estrangeiras, nomeadamente espanholas (Barcelona) e suecas. Estas últimas viriam acompanhadas por aquele que viria a ser treinador do tenista Björn Borg.

Aos 28 anos uma queda provoca-lhe uma rutura dos ligamentos cruzados de um joelho. O médico que o assiste não o quis operar por ele não ser profissional de futebol. Anos mais tarde, o esforço que passa a fazer sobre o outro joelho provoca-lhe uma rutura total. Para ficar bem teria de ser operado e submeter-se a, pelo menos, seis meses de fisioterapia.

Estando profissionalmente obrigado a viajar muito, Soares Franco optou por um plano B, proposto pelo médico. Este, porém, avisa – o que no futuro poderia ter de deixar o ténis. O que vem a acontecer. Com o agravamento dos problemas nesse joelho acabaria por deixar definitivamente os campos de ténis.

É então que, quase cinquenta anos depois de ter deixado o golfe regressa, cumprindo a antiga vontade do seu pai. A vida tem destas coisas.

Hoje, com 72 anos, não joga, mas é, ainda sócio do Clube de Ténis do Estoril. E confidencia sorrindo, «Nunca consegui deixar de ser sócio, está no meu ADN sê-lo».

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